Sunday, May 04, 2008



Se de um filme do Wong Kar Wai podia esperar bastante, de um filme do Wong Kar Wai, com Norah Jones no papel principal, e na banda sonora, e com a presença da Chan Marshall, também na banda sonora, como Cat Power, esperava imenso.

Fiz os possíveis para não ter demasiados detalhes sobre o que ia ver, de maneira de não influenciar ainda mais a minha expectativa. Isso passou por ter de desligar a TV que passava uma entrevista com a Norah Jones enquanto eu acordava para mais uma etapa do meu zapping em noite de insónias.

Reparo agora que a parte mais fantástica da minha tentativa de isolamento de eventuais spoilers foi mesmo não ter reparado na foto do cartaz do filme, que por acaso é da última cena e por si estragar-me-ia todo o encanto. Tenho de agradecer às minhas dioptrias por esta!

A emoção, forte, cortante, desesperante, é a personagem principal neste filme, e não é de forma alguma estreante nos filmes de Wong Kar Wai. A estética visual, musical (Oh! e como a música é soberba nos filmes dele) e até mesmo de argumento é um meio para atingir o fim que é expressar esta emoção. A emoção é principalmente composta pelo desespero amoroso, daquele de que a maioria não seria capaz de escapar. É interpretada por vários personagens ao longo do filme, em variações mais e menos exasperantes.

A fotografia está bastante boa, como era de esperar, e também inovadora q.b..
A representação, para mim, é um dos pontos fortes do filme. A estreia da Norah Jones
num papel principal não poderia ter sido melhor. Já a Chan Marshall me deixou um pouco mais confuso. Via-se muito confiança nos olhos dela, era o que esperava da ex-namorada Russa, mas a falta de qualquer sotaque para uma personagem Russa pareceu estranha. É interessante que o facto de o sotaque não ter existido foi resultado de um pedido do Wong Kar Wai. Talvez seja boa ideia espreitar esta pequena entrevista feita à Chan Marshall (Knockin' On Chan Marshall's Door).

Quanto à música tenho de me questionar, porque não percebo qual é a forma que Kar Wai usa para me fazer apaixonar por peças musicais que noutros contextos nunca me tinham tocado daquela forma. Foi por causa dele que ganhei uma especial paixão pelas músicas do Nat King Cole em Espanhol e sinto neste momento a música da Cat Power a ganhar nova dimensão em mim.

My Blueberry Nights vai concerteza ser um filme muito comentado, e potencialmente classificado como uma versão ocidental do "In the Mood for Love". Mas não foi isso que eu vi neste filme. Confesso que não gostava tanto de um filme assim, de difícil digestão, há muito, muito tempo...

2 comments:

Anonymous said...

Olá,
obrigada pelo comentário!
Também já vi o blueberry e adorei. Ando à procura das palavras certas para postar. Concordo inteiramente contigo quanto à excelente fotografia do filme, foi a primeira coisa que reparei e quanto à sua dificil digestão, mas deixa um saborzinho bom na boca não deixa...? : )
beijinho

TheDruid said...

O sabor é bestial, já o tinha provado no final de uma noite em Copenhaga. Só que nesse caso preenchia um queque e deu em excelente pequeno almoço.

E porque o sabor não enjoa... até me deixou uma vontade daquele excelente prato do cinema chinês, o "In the Mood For Love" :) Acho que o vou servir para a semana a uns amigos.