Sunday, July 14, 2002

Relatório Final relativo à experiência na cadeira de Computação e Ciências Cognitivas

Súmula: A partir da contextualização da experiência da cadeira no espectro das minhas experiências e interesses parto para tirar conclusões relativas àquilo que chamo um processo de dismitistificação (e daí para os efeitos da cadeira sobre mim próprio). A exposição de algumas das teorias que mais me marcaram é feita num encadeamento mais facilmente compreensível por quem tenha presente os conteúdos programáticos da cadeira. Pretendo nesta exposição representar a minha evolução na cadeira expondo alguns dos pontos de cepticismo em relação a algumas teorias orientando-me gradualmente para aquilo que se tornou a minha visão. Deixo ainda algumas sugestões.

Palavras-chave: teoria computacional de mente, memético, psicologia evolucionária, mecanismos simbólicos, sub-simbólico, emoções, evolução memética


No decorrer desta cadeira vim confirmar a brutalidade dos mitos que nos cercam na pool memética contemporânea, mesmo para quem nasce numa cidade relativamente desenvolvida como Lisboa (comparativamente com o resto do país) e num momento em que a globalização ao nível cultural quebra muitas fronteiras. Mesmo nesta nova sociedade global que se vai instalando existem os mitos que a ela são próprios e facilmente acomodam a inquisição decorrente tão naturalmente da consciência humana com uma série de respostas fáceis para algumas das questões mais interessantes da humanidade.
Algumas perspectivas transmitidas pelo curso (nomeadamente a teoria da complexidade na computação ou a abordagem de teoria da informação) tinham-me já alertado para algumas das problemáticas limitativas da nossa realidade cognitiva. Apesar de durante um certo período até há pouco menos de um ano o meu interesse pela leitura ter decrescido em tempos do ensino secundário o meu interesse por Astronomia e Ciência em geral levou-me a ler Carl Sagan e Richard Feynman, entre outros, e desbravar um pouco os caminhos típicos do pensamento lúcido que tanto produz quando aplicado aos problema da mente, mesmo os mais complexos e envoltos em mistificação. Contudo não tinha ainda existido um meio que viesse quebrar definitivamente os laços que julgo todos termos criados face à forte contextualização memética (a separação na dualidade corpo e mente, a delegação de capacidades como que de uma forma mágica numa entidade espírito, a aceitação de fenómenos inexplicáveis como tal, etc.).
A adaptação aos mecanismos típicos das ciências cognitivas foi todo um processo complexo e demorado. Especialmente a adaptação aos mecanismos derivados do neo-Darwinismo e mais recentemente da psicologia evolucionária, à teoria computacional de mente, à panóplia de novos sentidos para vocabulário densamente ligado à visão mística do seu uso no dia-a-dia e até mesmo alguma dificuldade em lidar com termos técnicos da anatomia cerebral (mesmo depois de algumas leituras especificamente sobre o tema). Apesar destes obstáculos julgo que a motivação foi muita para os superar e a forma natural e simples, se bem que penso por vezes simplista, com que muitos dos temas foram abordados nos debates veio ajudar neste caminho. As exposições teóricas trouxeram toda uma quantidade de informação que necessitava naturalmente de um processamento mais cuidado e daí o percurso bibliográfico que nos foi aconselhado. A variedade e inter-relacionamento da informação exposta foi, só por si, uma fonte de motivação.

Devo confessar que me é difícil expor de uma forma sequencial o produto deste semestre de aprendizagem e como tal vou necessitar de utilizar alguma forma de suporte adicional, tome ela a forma que tomar, sabendo desde já que a completude que tentei colocar nos sumários de cada aula vai aqui ser completamente impossível. Não pretendo contudo perder-me nos detalhes da forma da aprendizagem sem apresentar os seu frutos ainda em fase de maturação (e espero que continuamente pois planeio seguir com alguma atenção este campo do conhecimento).

“Boa tarde, eu sou o Tiago e gostava de saber onde é que existe uma ligação entre os mecanismos da IA e a mente humana. Por maior complexidade que possa compor estes mecanismos (dentro dos limites do computável em tempo útil) apresentam-se apenas como fruto de algo que é a inteligência humana e a estendem com uma capacidade de processamento matemático superior, sem contudo se aproximarem minimamente da essência que pauta a mente humana capaz de uma panóplia de actividades muito complexas contudo de simples execução e cujo cariz não determinista contudo bem articulado, capaz da adaptabilidade e altamente resistente a falhas (nem sequer necessitamos de um canal de comunicação sem ruído).
Já agora gostaria de compreender o que me torna único e me permite experimentar a subjectividade da minha vivência. Pelo caminho se possível gostaria de passar pela explicação de mecanismos como os sonhos, a necessidade de dormir, a aprendizagem e a forma como sou diferente dos meus pais partilhando com eles muito código genético, aproximando-me contudo em muitos aspectos muito mais da visão de uma geração que é a minha mesmo que não tenha a mínima proximidade genética com os seus membros (Será que somos um mecanismo de aprendizagem? Um ser que só sabe aprender?) Sim, gostava de saber, até porque os meus antepassados sabiam caçar e eu não sinto quaisquer instintos que me levem a tal actividade, será que algo se sobrepõe a eles e daí vem muita da agonia da condição humana e problemática da sociedade moderna mediocremente pacifista? E sim porque tudo isso me parece demasiado afastado da frieza da capacidade científica e os mecanismos da psicanálise não me fornecessem senão uma abordagem de topo que se assemelha à compreensão que muitos têm de uma automóvel, sabendo até manipulá-lo conforme as suas intenções, sem contudo compreender as razões do seu funcionamento.”

A confusão presente no parágrafo anterior é em todo intencional e pretende esboçar de alguma forma a superficialidade das questões que me atordoavam e foram atordoando até as poder confrontar com a lucidez de mentes como Steven Pinker ou Daniel Dennett.

A abordagem que me afastou do cenário traçado atrás foi um misto de aproximações do tipo bottom-up e top-down, com um peso muito forte da perspectiva evolucionária que em vez de apenas colocar mais uma questão (a de como surgiram determinados mecanismos que necessitam contudo de ser explicados) veio simplificar a explicação dos mecanismos através de um processo de eliminação de possibilidades e contextualização da sua aquisição.

Se inicialmente a mente parece não ser permeável à teoria computacional os grandes motivadores desta limitação são a visualização da mente como algo monolítico em vez de como uma sobreposição de camadas interactuantes numa série de processos dos quais apenas alguns são perceptíveis conscientemente e por outro lado a própria sensação de mágica que a nossa situação como entidade consciente percepciona em mecanismos como a visão, a fala e a escrita. Sendo que a dificuldade aprentemente inerente às mentes humanas normais em lidar com aquilo que veio a ser a essência da IA simbólica: a lógica e a matemática (entre tantos outros processos formais) será outro dos factores que fortemente contribuem para a dificuldade de aceitação de uma teoria computacional de mente.
É desta forma que existe uma convergência para a noção de modularidade de mente partindo de áreas distintas envolvidas nas ciências cognitivas e dos dois tipos de abordagens bottom-up e top-down (um dos tais pontos em que estas abordagens se encontram no meio e vêm consolidar-se). Sendo assim a mente passa a ser vista como um conjunto de módulos interactuantes implementados sobre aquilo que é o orgão cérebro em conjunto com todo o sistema nervoso. Uma perspectiva evolucionária vem permitir observar quase em detalhe a construção destes módulos, sujeitos a pressões evolucionárias tais como as que geraram a capacidade de mobilidade (que foi a motivação associada à extensão do simples sistema nervoso vegetativo das plantas), não uns a partir dos outros mas uns sobre os outros, com um nível de abstracção, poder computacional e complexidade simultaneamente crescentes.

A teoria de que a mente humana era construída de uma forma puramente memética vinha suportar que a mente humana se distinguia da mente dos outros animais visto permitir a aprendizagem genérica (seriamos assim um mecanismo de aprendizagem genérico), teoria à qual de certa forma se “encostava” grande parte das correntes de pensamento de há algumas décadas. Tem vindo a desenvolver-se um trabalho para desvendar até ao detalhe processos como o da visão ou a fala (que segundo muitos são mecanismos especializados do cérebro da espécie humana que se enquadram num cérebro modular e processam dados de e para outros módulos) e a aprendizagem associada a estes mesmos, e os pontos específicos em que ela se distingue do crescimento geneticamente programado. Face a estes resultados a mente humana toma a forma de um conjunto de ferramentas muito especializado, talhado pela evolução e consequentemente pelos desafios enfrentados pela espécie humana nos meios que atravessou. Apesar de tudo não existe uma abordagem concordante neste aspecto. Resistindo uma espécie de combate intelectual que tem vindo a decorrer. De um lado encontram-se os defensores de que os mecanismos específicos à espécie humana como a fala (e a utilização de símbolos que lhe está subjacente) são sub-produtos evolutivos de capacidades que foram cruciais para os nosso antepassados e que face a determinado estímulo do meio se manifestam, tendo todo um suporte nas estruturas do cérebro. Do outro lado os que defendem que as estruturas do cérebro humano em pouco diferem de outras estruturas símias excepto em questões de tamanho e que todo o conjunto de mecanismos cognitivos superiores é fruto de um processamento colectivo e não tem alguma espécie de suporte físico em estruturas cerebrais dedicadas mas sim numa mente capaz de pensamento adaptativo e com estruturas de processamento até certo ponto genéricas.
É provavelmente a versatilidade de mecanismos cognitivos humanos e capacidade destes gerarem novos mecanismos (como aconteceu com as provas lógicas por contradição, só para citar um exemplo relativamente simples) que os tornou capazes de enfrentar da melhor forma os desafios evolutivos que permite actualmente a sua multiplicidade de aplicações, entre as quais se conta a produção de uma civilização científica cujos suportes residem em estruturas complexas de interacção humana, tecnológicas, inteligentes e, de futuro, estou convencido de outros tipos de agentes artificiais dotados de qualia na sua interacção com o mundo.

O salto para este plano que é chamado de cognitivo não foi certamente um processo ocasional mas o acumular de uma série de vantagens evolutivas que estavam aderentes a muito pequenos progressos neste sentido, esses sim fruto do acaso. Daí a explicação para a sofisticação da mente humana que, comparada a muitos produtos da engenharia mais avançada parece simplesmente estar noutra dimensão, contudo apresenta, como se tem vindo a provar, um conjunto esplendido de soluções aferido pela evolução num período de tempo muito longo. Sendo que algumas dessas soluções têm um cariz semelhante ao subjacente no espírito da engenharia e, muitas vezes, funcionando mesmo como inspiração para a mesma (na visão artificial provavelmente também existirá uma camada de mecanismos modulares em que alguma das camadas terá uma funcionalidade semelhante àquela que em nós distingue as fronteiras dos objectos e processa paralelamente cor, traços e fronteiras).

As emoções vêm-se mostrar com um papel crucial na interface entre o universo sub-simbólico herdado dos nossos antepassados e as novas capacidades cognitivas simbólicas cuja actuação seria demasiado lenta e complexa para as tornar capazes em muitas situações de tempo real, tal como a IA nos tem vindo a demostrar na incapacidade aderente a sistemas de inferência com uma base de conhecimento exageradamente grande. Uma solução para este tipo de problemas é usualmente um pré-processamento não simbólico da realidade em causa de forma a simplifica-la num sistema utilizável pela lógica, que na IA é usualmente efectuado pelos humanos que desenham os mundos dos seus agentes, e o qual está demarcadamente presente no pré-processamento de que é alvo a informação sensorial antes de chegar às camadas de maior abstracção e conscientes do cérebro.

Naturalmente que a compreensão de certos mecanismos criativos, culturais e sociais se torna difícil dado um certo enquadramento computacional, especialmente dado o nosso ponto de vista subjectivo. A noção da pool memética e a visualização do universo de ideias em evolução, sujeitas a uma selecção dependente do seu efeito pode parecer um caminho muito mais natural sobreposto ao processo computacional da mente. Contudo esta visão deixa em aberto um problema que é o da geração memética, localizando-se aí o foco da definição de todo o conjunto de fenómenos cognitivos que se compõe na cultura, ciência, etc. É assim que nessa pool memética se podem encontrar comportamentos com um determinado significado cognitivo que estão largamente associados a focos da pressão evolutiva de que a nossa espécie foi alvo, como por exemplo é o da ligação cultural da prática sexual e das variações sobre as mesmas entre contextos culturais, mas contudo dotados de uma universalidade. E junto com estes artefactos encontramos outros que em nada terão contribuído para a sobrevivência humana e cuja proliferação em nada é limitada por essa razão, entre estes encontram-se por exemplo instâncias em formas de arte específicas que se apresentam como uma manifestação desprovida de qualquer sentido simbólico.


Efeitos primários e secundários da disciplina sobre o "Eu":

Até ao momento CCC veio-se apresentar como a cadeira mais interessante do caminho que percorro na LEI.
Para além de me abrir um novo horizonte em inúmeras áreas do meu interesse extracurricular - desde os interesses adquiridos e nutridos em tempos do ensino secundário até a interesses de aquisição recente, maioritariamente culturais, associados a filmatografia independente, obras de divulgação e ficção científica - esta disciplina veio trazer um impacto extremamente profundo às minhas vivências pessoais, na forma como me vejo a mim mesmo e especialmente na forma como vejo o mundo nas suas componentes social, para a qual comecei a estar mais aberto apenas recentemente, com um interesse crescente ampliado pelos conteúdos da cadeira, e profissional, se assim me for permitido referir à área da informática que tem sido naturalmente uma das áreas sobre a qual tenho efectuado mais computação durante os últimos tempos.
Inicialmente senti uma certa dificuldade (que só agora consigo reconhecer) em me orientar neste mundo das CC (que na verdade é o nosso dado o objecto do estudo) vista a quantidade de preconceitos sobre muitos dos assuntos que só agora estão a ser abordados de uma forma científica à luz de paradigmas como o da selecção natural. Apesar de estarmos em plena revolução da informação (talvez por isso mesmo, devido às inúmeras fontes de informação dúbia e pouco lúcida que proliferam) muitos dos conceitos relativos à mente humana presentes naquilo que podemos considerar o senso comum são completamente fruto de intuição e inferência simples (uma proliferação do senso comum, o que é grave dado a falta de criticismo), daí o seu enraizamento desde cedo (até mesmo as crianças se questionam sobre si, provavelmente após adquirirem a capacidade de “sentiença” - sentience - , a primeira chama de experimentação do “eu”) e a explicação para que até muito recentemente se tenham mantido nas mentes até dos mais elucidados e elucidativos. Se é difícil lutar contra dogmas como os associados à religião para os quais a intuição interior apontará apenas para os contornos (o suporte genético da religião) então lutar contra dogmas profundamente enraizados na forma como toda a nossa sociedade pensa e que para além de serem veiculados pelos memes são ainda suportados como uma intuição muito forte (olharmos para a matéria animada de movimento e olharmos para nós faz-nos pensar que temos algo distinto da matéria por detrás da nossa existência).
Agora é com uma nova perspectiva que aprecio algo como uma sitcom ou uma peça de teatro multimédia. Naturalmente que existem consequências potencialmente negativas deste processo, como de todos os processos de eliminação e afastamento da ignorância, como tal um questionar permanente pode complicar bastante os prazeres mais simples mas dota-nos de prazeres intelectuais sem igual. Contudo outros prazeres tipicamente intelectuais que poderiam derivar da ignorância e um certo estonteamento com algo que agora se me apresenta desprovido dos mistério iniciais, pautando o intelecto das abordagens simplistas (ou simplesmente menos recentes e efectuadas sobre outras luzes ainda algo obscuras) de um grau de inocência relativamente grande. Sinto isso ao ler o livro de Isaac Asimov, “Viagem Fantástica II: Destino Cérebro”, mas claro que o prazer perdido não é total, senão naturalmente não estaria a ler o livro e não encontraria nele muitas circunstâncias positivas de aplicação de pensamento científico.
Foi desta forma que senti nutrido o gosto pelo pensamento e manutenção de um pensamento lúcido em momentos e situações que antes lidava de uma forma semiconsciente e pautada por preconceitos e intuições.
Naturalmente que conforme Robert Wright menciona na introdução do "The Moral Animal", quando refere as consequências da aplicação da psicologia evolucionária, existe um reverso da medalha que se manifesta numa partida para divagações filosóficas em situações em que isso não se apresenta nada prático. Contudo julgo que as vantagens são muitas e podemos sempre esquecer a forma como a consciência interage com outras componentes do nosso sistema nervoso, a filtragem de informação de níveis inferiores, a pequenez da Short Term Memory (e as consequências disso que sentimos no dia a dia) e simplesmente deixar o nosso sistema actuar quando assim deve ser, debruçar o nosso pensamento consciente sobre o que sempre o ocupou em vez de o preencher totalmente com meta-computação, e, naturalmente, sentir maior naturalidade em certos comportamentos uma vez que sabemos algo mais sobre a sua origem. Deixando também de forma espaço para a formação de intolerâncias que em muito podem contribuir contra a aprendizagem e mesmo os alvos da aprendizagem (sem tolerância para com algo que não fosse o que lhe tinham ensinado no MIT e que desprezava as perspectivas evolucionárias Steven Pinker nunca teria avançado com as suas ideias unificadoras).

Neste momento continuo ainda a ler parte da bibliografia recomendada e a explorar por outras vias de forma a poder completar ideias que deixei em aberto nos sumários das aulas e sinto uma grande vontade de ter mais tempo para poder ler tanta bibliografia com que me deparo e poder escrever mais sem ter que me preocupar com a época de exames que está a chegar.
Assim escrevia eu antes de iniciar a época de exames, tendo durante a mesma vindo ainda a terminar de escrever os sumários e completar algumas leituras. Pretendo contudo manter-me ligado a este meio e tenho já alguns livros à espera das férias para poderem ser lidos.


Propostas:

Julgo que a realização de sumários e desenvolvimentos sobre os temas das aulas é um método de avaliação bastante capaz (junto com a avaliação da participação nos debates), mas julgo também que devia ser, mais do que um método de avaliação, uma forma de aprendizagem, e conter em si o respectivo feedback que dirige a aprendizagem. Concretizando acho que seria bastante vantajoso para o desenvolvimento de cada aluno bem como do nível dos debates existirem comentários pela parte do Professor a cada um destes sumários entregues bem como uma orientação um pouco mais próxima de cada aluno relativamente ao seu desenvolvimento na disciplina. Julgo mesmo que este feedback poderia actuar como catalisador da aquisição de conhecimentos e compreensão das matérias, que, de início, julgo ser bastante difícil face à multidisciplinariedade da área de Ciências Cognitivas e da necessidade de quebra de uma série de dogmas e mesmo preconceitos enraizados no senso comum contemporâneo.

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