Monday, September 29, 2008



A obra-prima da portugalidade. Este é francamente o melhor filme português que alguma vez vi.



Apesar de tudo o filme roda em torna de um argumento muito simples e altamente espectável. Isto porque é uma estória que nos dirá muito a todos: os amores de verão na juventude, aquela faceta perdida da inocência, está tudo ali... mas está mais, muito mais que isso. O enredo e o filme em si é só uma desculpa para partir numa aventura de exploração de um interior que se povoa de almas e gentes, de festa mas especialmente de Muita saudade. Tudo isto condensado nos 31 dias do mês de Agosto.

Estes costumes chegam até nós numa forma documental no louvável estilo do Portugalmente que referi há algum tempo. Histórias cativantes saem da boca e nas vozes pronunciadas de narradores inesperados. Personagens mais imaginativas não poderiam existir neste filme. A apresentação não é formal, não apresenta um encadeamento aparentemente premeditado mas serve como guia geográfico para a estória que se vai iniciando de seguida. Só por si esta primeira componente teria já um valor bastante estimável.

Das personagens reais surgem actores improvisados e personagens numa estória de amores em família. O sangue (familiar) e a música são os principais elos desta estória.



Durante o desencadear do filme são frequentes trechos com os actores ou outros elementos da equipa em discussão sobre o filme em si. Nesta forma de meta-processo, revelador de uma componente premeditada do processo de criação, recordou-me obras de mestres como Truffaut ou Godard.

Os diálogos dos trechos documentais e dos actores no enredo são relativamente carregados de pronuncia e por vezes tomam caminhos de liberdade que me fizeram recordar o polémico "Balas e Bolinhos" de que também gostei muito. Este é mais um elemento da forma que contribui para o resultado final soberbo.

Muitos outros são os elementos que promovem a grande proximidade daquele nosso mundo da infância durante as férias do verão. É arrepiante como no filme as recordações desses nossos tempos tomam vida própria tão facil e activamente.

No final tenho de admitir que é um filme 0% pimba! Um dos maiores feito deste filme é ser capaz de transportar um género musical muito nacional e popular de uma forma nada degradante e localizando-a no coração de um mundo em vias de extinção.



É um filme a ver para todos aqueles que passaram, ou não, alguns dias do mês de Agosto na sua terra natal do interior.